Uma vida bem vivida na hipertensão

A hipertensão é caracterizada pelo aumento da força com que o sangue circula através das artérias do corpo humano. Uma pessoa representa pressão arterial normal quando ela está igual ou ligeiramente abaixo dos 14×9. Igual ou acima de 16×9 já é um quadro de hipertensão. A medição deve ser feita em condições ideais e os valores costumam variar considerando-se sexo, idade, raça e outros fatores.

A pressão alta é uma doença que geralmente não tem cura, mas o tratamento é muito eficiente para impedir que a pessoa que tem pressão alta tenha uma vida mais curta por causa de um infarto, um derrame ou a paralisação dos rins e complicações de órgãos vitais como coração, olhos e cérebro. É importante que todas as pessoas, mesmo que não sintam nada, verifiquem a pressão pelo menos uma vez por ano. É bom frisar, mais uma vez, que o fumo agrava o risco das “doenças do coração”, pois sua ação continua provocando o “endurecimento” das veias e artérias e pode aumentar o ritmo dos batimentos do coração e levar a pressão arterial.

Desde o início do século se sabe, através de estudos científicos, que há algum tipo de relação entre a ingestão de sal, menos de 3 gramas por dia, demonstram que estes indivíduos apresentam baixo índice de hipertensão arterial.
Estudos com pessoas normais indicam que indivíduos que têm antecedentes familiares genéticos respondem mais claramente e mais rapidamente à elevação da pressão arterial, quando se aumenta a ingestão de sal (o que dificulta a avaliação da ingestão médica) e à dificuldade do acompanhamento á longo prazo. Disso decorre a falta de informações das consequências do uso crônico de grandes quantidades da substância. No entanto, há certas medidas que são indiscutivelmente benéficas.

Quando se fala em sal, estou me referindo ao sal de cozinha que é o cloreto de sódio ou NaCI. O íon sódio está diretamente relacionado com problemas de hipertensão. Hoje já se sabe que outros íons e outros sais também podem interferir nos níveis de pressão. Há fortes indícios de que, além do sódio, a quantidade de potássio ingerida também é muito importante. Assim, a ingestão de maiores quantidades de potássio facilitaria um declínio da pressão arterial.

Enquanto o brasileiro consome, em média, 10 gramas de sal por dia (aproximadamente 4 colheres de café), sabe-se que o nosso corpo precisa de apenas 2,5 gramas, no máximo, quando que já existe nos próprios alimentos. Uma pesquisa realizada na indústria mostrou que os trabalhadores urbanos são os mais atingidos pela hipertensão. Porque enfrentam um outro tipo de doença comum na sociedade moderna, o stress.

Mesmo que você não seja hipertenso, nem tenha nenhum parente próximo que o seja, se ingerir de maneira contínua, grandes quantidades de sal, as chances de desenvolver hipertensão arterial são muito grandes. Mesmo sem ser hipertenso, se tiver algum parente que tenha pressão alta, fuja do saleiro, nunca adicione sal depois da comida preparada.

A não ser em casos excepcionais, não se recomenda uma dieta muita restrita na quantidade de sal. Esse tipo de dieta é extremamente difícil de ser obedecida, principalmente, à longo prazo e é de benefício duvidoso.

Se for verdade que hoje não há mais razão para se recomendar genericamente “dieta sem sal”, é verdade que a dieta com quantidades moderadas de sal é altamente salutar. Na prevenção de hipertensão, a dieta, como um todo, é importante. Você deve atentar também para outros aspectos, como a ingestão de gordura, a quantidade de calorias e o controle do peso e do tabagismo. O HAS – hipertensão arterial sistêmica – ou pressão alta é um inimigo silencioso. É uma assassina silenciosa. Cuide-se!

*Dr. Giovanni Melone é cardiologista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor do Centro Médico Clinicuore.